segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Novas considerações sobre a organização esocolar...

As concepções de educação, de ser humano, de gestão escolar e de sociedade observadas nas escolas que visitamos:

Nas escolas visitadas, notamos que a maioria das pessoas conhece a função social da educação. Porém, notamos também que alguns a tratam como uma fase chata da vida por onde é preciso passar. Alguns profissionais têm a sua profissão como um “quebra-galho”, um “bico”. Outros (poucos, graças a Deus) já não acreditam mais no papel revolucionário que a Educação pode desempenhar na vida de uma pessoa.

Com relação à gestão, recebemos a afirmação de que a mesma é participativa. Nota-se, contudo, que o que funciona mesmo é: cada um faz a sua parte e tudo fica bem. Algumas bur(r)ocracias atrapalham a gestão. Por exemplo: a operacionalidade dos laboratórios de informática. Será que é tão difícil colocá-los em funcionamento?

A sociedade pouco participa. Não sabe o que se passa no interior da Escola e, esta não a convida para participar. A sociedade é vista como a principal beneficiada com o processo educacional, mas está à margem das decisões.

O PPP e a organização escolar democrática.

O projeto Político Pedagógico, quando existe, não sai do papel. Os sujeitos que freqüentam a escola pública são os filhos dos operários(as) e estes(as) que cursam o EJA. À noite, principalmente, encontramos operários da construção civil, comerciários, “do lar”, sub-empregados, etc.

Os filhos(as) dos profissionais da Educação que trabalham na Escola pública, principalmente os filhos dos professores, diretores e coordenadores, estudam em escolas particulares. Mas, até mesmo em escolas particulares encontramos profissionais que têm seus filhos matriculados em outras escolas ditas como “melhores”. Notamos que a escola pública é pensada e “operacionalizada” para as classes de baixa renda. Tudo visando manter o estatus quo.

O PPP, quando pensado, elaborado e executado, de forma democrática, por todos os segmentos do processo educacional (família, comunidade e escola) pode ir ao encontro dos anseios populares. A sociedade precisa se sentir também responsável pela educação. Não adianta manter escolas públicas de baixa qualidade, que não formam cidadãos para nada e depois tentar corrigir tudo com o sistema de cotas, só para citar um exemplo.

O Projeto Temático como uma opção metodológica e sua contribuição para concretizar uma organização escolar democrática e contribuir para efetivar a gestão do cuidado nas relações escolares.

O projeto temático pode contribuir muito para a organização democrática da escola. Ao juntar várias áreas do conhecimento em torno de um único tema, por exemplo, a escola estará promovendo uma integração favorável ao diálogo. A contribuição dos vários segmentos será valorizada. A comunidade poderá ser chamada a participar do projeto. Os alunos terão a visão de que o conhecer não é algo isolado, mas interage em várias áreas.

Como o campo de conhecimento de sua licenciatura pode contribuir na desconstrução de concepções preconceituosas e conservadoras, afirmando outras que contemplem a diversidade social.

A participação feminina na Matemática foi (e será que ainda não é?) vista com muito preconceito durante séculos. Há exemplos de verdadeiros gênios femininos da Matemática que tiveram que se esconder atrás de uma identidade feminina. Como foi o caso da francesa Sophie Germain. A idéia de que a Matemática não ficou para as mulheres é algo que ainda existe. Tal idéia deve ser combatida.

Há outros preconceitos relativos a questões geográficas. Acredita-se que o povo de certas regiões aprende Matemática com mais facilidade. Também não há nada de científico nisto.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Marcelo Omar - Síntese do Capítulo 8

Após o estudo do capítulo 8, temos a considerar o seguinte:

- A gestão democrática na Escola deve privilegiar a participação de todos os segmentos "autores" do processo educacional: alunos, professores, diretores, supervisores, administrativos, família, etc.
- Os processos democráticos devem sair do papel e se concretizarem nas vivências diárias, pois a democracia se aprende na prática e não com discursos.
- As pessoas que convivem na Escola são diferentes, têm histórias de vida diferentes, anseios e preocupações diversas. Isto deve ser levado em consideração. As idéias, as opniões, os ponto-de-vista devem ser respeitados para que as pessoas se suntam legitimadas.
- A Escola não é só burocrática. O projeto Político Pedagógico deverá dar prioridade às pessoa ssobre os procedimentos.
- Os conhecimentos universalmente produzidos, para serem transmitidos, devem ser transformados em conteúdos escolares e divididos em áreas, disciplinas e nas séries.
- O livro didático tem um papel relevante no processo de ensino-aprendizagem.
- Do jeito que o currículo está organizado hoje nas Escolas, algumas áreas como Matemática, Português e Ciências são privilegiadas.
- As aulas têm tempos fixos chamados de hora-aula de 45 ou 50 minutos. Há Escolas, porém, que utilizam as aulas faixas com 2 horas de duração e outras que adotam os ciclos de formação.
- Os ciclos de formação obedecem a dois princípios: As fases de desenvolvimento do ser humano e as relações que cada ser humano estabelece com o seu meio.
- Os alunos, na organização por ciclos, são considerados como pessoas em processo de desenvolvimento.
- As práticas curriculares devem levar em consideração as experiências já vivenciadas pelos alunos.
- As práticas curriculares, as condutas relacionais entre educandos e educadores são marcantes na vida do aluno e podem influenciar o seu futuro.
- Para a professora Nélida Pérez, os fundamentos filosóficos para a organização escolar são: o paradigma biocêntrico, a ecologia, a criatividade artística e os direitos humanos.
- Uma avaliação verdadeiramente pedagógica tem como pressupostos: a cooperação, as trocas entre os grupos, a liberdade de criar, a autonomia para agir, as noções de incompletude, a presença do outro para suprir os limites da ação, o diálogo, o erro e a incerteza.
O espírito de gestão democrática deve estar entranhado nas práticas diárias dos educadores. Não dá para falar em Democracia e praticar algo diferente. Vale lembrar que a todo direito há um dever.

sábado, 29 de novembro de 2008

PRÁTICA COMPONENTE CURRICULAR-DIÁRIO DE CAMPO

DIÁRIO DE CAMPO PARA A PCC

Visitamos algumas Escolas públicas da rede estadual de ensino. Nestas escolas, conversamos com professores, supervisores, diretores, alunos e pessoal do apoio administrativo. Vamos ‘‘pinçar’’ agora alguns depoimentos coletados;

SUPERVISORA;

‘’ A gestão na nossa escola é participativa. Trabalhamos com projetos que envolvem todos os professores e alunos .... Temos um laboratório de informática todo montado, mas ainda não recebemos uma autorização da Secretaria de Educação para podermos utilizá-lo...Somos cobrados pelos alunos por isso.... Não temos problemas como alcoolismo e uso de drogas...Sabemos que alguns alunos bebem e consomem drogas, mas eles não aparecem na escola quando estão bêbados ou drogados...’’

PROFESSORA

‘’ Já trabalho nesta escola há vinte anos e acho que a Gestão atual é a mais democrática e participativa.... Todos se dão muito bem... Trabalhos com E.J.A , nossos alunos são adultos, na sua maioria....Não temos alunos portadores de necessidades especiais, mas, se tivéssemos, eles seriam bem recebidos....Os alunos sempre falam sobre suas reivindicações...’’

ALUNO

‘’Voltei a estudar depois de trinta anos. Estou no segundo ciclo (7ª e 8ª séries)... Nós, alunos, professores e direção da escola nos damos muito bem. A direção da escola nos escuta e atende, quando possível, as nossas reivindicações...Já pensei em desistir, mas uma colega da minha sala, com 66 anos de idade, tem sido um ‘’espelho’’ para mim. Ela falou que pretende continuar e isto me encoraja bastante...’’

ALUNA

‘’Resolvi voltar a estudar depois de ver os meus filhos todos formados...Tenho um filho que concluiu recentemente o doutorado em Química e é prof. da UFMA em Imperatriz...Gosto muito desta escola...É a nossa segunda família... A nossa escola é pequena e todo mundo se conhece... Somos vizinhos....’’

APOIO ADMINISTRATIVO [ VIGILANTE]

‘’Estou há 16 anos trabalhando como vigilante...Já passei por outras escolas... Gosto de trabalhar nesta porque é calma...os alunos não são violentos...Sei da importância do meu trabalho, tenho que receber bem as pessoas para poder passar uma boa imagem da nossa escola... a Direção da escola é muita amiga de todos...Sinto que as famílias, principalmente as dos jovens, não participam, não comparecem á escola para ver como andam as coisas com seus filhos...’’

Pois bem, no geral, notamos que na maioria das escolas visitadas, a Gestão Escolar é participativa. Que os sujeitos, em sua maioria, estão satisfeitos com o seu trabalho e com a educação que recebem. Sabemos, porém que há ainda muito a melhorar, principalmente no que se refere à estrutura física (salas de aula deterioradas, banheiros fora de uso, etc) e ao acesso á inclusão midiática e digital. Em algumas escolas, é a burocracia que atrapalha, por exemplo, o acesso dos alunos aos recursos da informática. Em outras, a falta da merenda escolar, ás vezes um fator de permanência na escola, não é oferecida nos últimos meses do ano.
Como visitamos algumas escolas a noite, notamos que a evasão escolar é bem significativa.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Altenize- Síntese do capítulo 7 e 8

A experiência escolar se forma através de diversos fatores: reuniões de planejamento, reuniões pedagógicas, inclusão, conselho de classe, etc...
Nas nossas escolas de hoje as reuniões de planejamento tem como objetivo: planejar os conteúdos, calendário escolar, organização das turmas, etc....Conforme o autor as turmas homogêneas são questões problemáticas, deixam de oferecer estímulos para o avanço da aprendizagem.
Quando se fala em Inclusão, olha-se só para o lado da deficiência, física e deixa-se que a questão sócio-econômica, a cultura, o homossexualismo, também deveriam ser vistos como deficiência, como diferenças sócio-culturais. Como exemplo: é difícil p/ um homossexual, pois enfrenta preconceitos em relação a sua escolha, um negro que sofre preconceito racial, ou um pobre que sofre críticas, deixa de participar de algumas atividades, por questões econômicas.
A organização didático-pedagógica leva em conta apenas o tempo kronos, quando as aulas são organizadas em hora/aula e não se considera o tempo kairós, que é necessário para relações e também para a aprendizagem..
A avaliação como movimento pedagógico deve ser um instrumento que não somente com a função de classificar as pessoas atribuindo nota, mas um instrumento para despertar a criatividade.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Nosso diário de campo.

Em meio a um barulho "quase" insuportável de crianças correndo pelo pátio da escola na hora do recreio, fomos recebidos pela Coordenadora Pedagógica da escola visitada. A atenção da atarefada coordenadora era dividada entre nós e os pequenos alunos que, neste momento, não obedeciam ao "toque de recolher" que indicava o final do intervalo. Percebemos logo que aquele não era o momento ideal para uma entrevista.

De todas as entrevistas realizadas nesta escola, escolhemos aquela que realizamos com a Diretora da Escola, pois, segundo nos informou a coodenadora, ela seria a pessoa "mais indigada" para responder ás nossas questões. Acatamos as sugestões de perguntas que nos foram passadas pelas professoras da disciplina. É importante frisar que alguns profissionais da educação "abordados" fugiram das perguntas; mesmo após garantirmos o anonimato.
Vamos á análise da entrevista. Pontuaremos as respostas que achamos mais interessante para serem postadas aqui.
1. Qual a função social da sua escola?
A entrevistada afirma que a função da escola é preparar os alunos para os desafios da vida e, ainda, inserir-los no mercado de trabalho. afirma ainda que o aluno é visto como um ser social dotado de saberes próprios valorizados pela escola.
Aqui aparece a idéia da escola como disseminação de saberes técnicos e científicos. Contudo, há uma valorização dos saberes prévios trazidos pelo aluno.
2. Você considera sua atividade profissional como educativa?
A entrevistada acha que sim, pois atua como intermediadora, ou seja, oferecendo aos professores mecanismos para que os mesmos se desenvolvam junto aos alunos.
A escola é um espaço sociocultutal, composto por diversas relações sociais e afetivas. A boa convivência entre os autores da escola é um fator primordial para o alcance dos objetivos traçados pela escola. A entrevistada demonstra que busca sempre esta boa convivência.
3. Como seu trabalho entrelaça a cultura escolar com a cultura da escola?
A entrevistada aparenta desconhecer a diferença entre cultura escolar e cultura da escola, A resposta a esta questão considerou somente a cultura escolar. Segundo a mesma, a cultura da nossa escola está atrelada á legislação educacional vigente abrangendo as necessidades da nossa clientela.
4. A comunidade participa da escola?
A comunidade participa através de sugestões dadas em reuniões de família/escola, através de pesquisas elaboradas pela equipe pedagógica e participação em eventos culturais.
Aqui vemos que a comunidade, base da cultura da escola, é reduzida aos pais dos alunos. A escola pelo que sentimos ainda conserva um certo afastamento do meio onde está inserida.
5. Os alunos participam da organização/gestão?
Os alunos não participam diretamente da organização/gestão escola. A participação é indireta, ou seja, não há Conselhos de alunos ou Grêmio Estudantil, mas as sugestões e propostas dos alunos são ouvidas.
A escola, como um lugar social de lutas de lutas e resistências, não é vista aqui. A escola perde a chance de oferecer aos alunos um "laboratório" onde os mesmos podem experimentar fazer uso de suas convicções políticas, onde poderiam exercitar a sua cidadania de forma ética e consciente.
9. O que você considera mais relevante no contexto político e pedagógico da escola?
No cotexto político e pedagógico da escola, o que a nossa entevisada achou mais interesante é a parceria com as famílias dos alunos e o desenvolvimento cognitivo, emocional e ético que é refletido no seu desempenho escolar.
De fato, deveria fazer parte da cultura de qualquer escola a participação efetiva das famílias. A escola não é um depósito de alunos em meio período do dia. A educação não é obrigação só da escola. Ela começa, e tem sua base de sustentação nas famílias. Não é do nosso conhecimento a existência de "doutores" formados nas melhores escolas deste país e do mundo que são analfabetos quando se trata de agir com ética e honestidade?
É este o nosso pequeno relato sobre uma breve entrevisita realizada em uma escola da área urbana de São Luís-Ma.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O menininho




Este texto foi passado pela professora Terezinha Maria e resolvi compartilhá-lo com vocês neste blog.

"Era uma vez um menininho bastante pequeno que contrastava com a escola bastante grande. Quando o menininho descobriu que podia ir à sua sala caminhando pela porta da rua, ficou feliz. A escola não parecia tão grande quanto antes. Uma manhã a professora disse:- Hoje nós iremos fazer um desenho!- Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de desenhar. Leões, tigres, galinhas, vacas, trens e barcos... Pegou sua caixa de lápis de cor e começou a desenhar.A professora então disse:- Esperem, ainda não é hora de começar! Ela esperou até que todos estivessem prontos e disse:- Agora nós iremos desenhar flores. O menininho começou a desenhar bonitas flores com seus lápis rosa, laranja e azul, quando escutou a professora dizer:- Esperem! Vou mostrar como fazer! E a flor era vermelha com o caule verde. Assim, disse a professora. Agora vocês podem começar a desenhar.O menininho olhou para a flor da professora, então olhou para a sua flor. Gostou mais da sua flor, mas não podia dizer isso... Virou o papel e desenhou uma flor igual a da professora. Era vermelha com o caule verde. Num outro dia, quando o menininho estava em aula ao ar livre, a professora disse:- Hoje nós iremos fazer alguma coisa com o barro.- Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de trabalhar com barro. Podia fazer com ele todos os tipos de coisas: elefantes, camundongos, carros e caminhões. Começou a juntar e amassar a sua bola de barro. Então a professora disse:- Esperem! Não é hora de começar! Ela esperou até que todos estivessem prontos.-Agora, disse a professora, nós iremos fazer um prato.- Que bom! Pensou o menininho. Ele gostava de fazer pratos de todas as formas e tamanhos. A professora disse:- Esperem! Vou mostrar como se faz. Assim, agora vocês podem começar. E o prato era um prato fundo.O menininho olhou para o prato da professora, olhou para o próprio prato e gostou mais do seu, mas ele não podia dizer isso. Amassou seu barro numa grande bola novamente e fez um prato fundo igual ao da professora.E muito cedo o menininho aprendeu a esperar e a olhar e a fazer as coisas exatamente como a professora queria. E muito cedo ele não fazia mais coisas por si próprio. Então, aconteceu que o menininho teve que mudar de escola. Esta escola era maior ainda que a primeira. Ele tinha que subir grandes escadas até a sua sala. Um dia a professora disse:- Hoje nós vamos fazer um desenho!- Que bom! Pensou o menininho e esperou que a professora dissesse o que fazer. Ela não disse.Apenas andava pela sala. Quando veio até o menininho perguntou:-Você não quer desenhar?- Sim, o que nós vamos fazer?- Eu não sei até que você o faça!- Como eu posso fazê-lo?- Da maneira que você gostar!- E de que cor?- Se todo mundo fizer o mesmo desenho e usar as mesmas cores, como eu posso saber qual é o desenho de cada um?- Eu não sei! Respondeu por fim o menininho e começou a desenhar uma flor vermelha com o caule verde.(Helen Elizabeth Buckley)"

sábado, 6 de setembro de 2008

Não faz muito tempo...(por Marcelo Omar)

No tocador de disco, ou cd player, para os mais jovens (também sou jovem há tempos), a poesia de Elomar, Vital Farias, Geraldo Azevedo e Renato Teixeira na voz inconfundível de Xangai. A fome aperta, mas é amenizada temporariamente pela música e pela vontade de concluir esta crônica. Se isto que agora escrevo não se parecer com uma crônica, me desculpem; é que ainda sou virgem...neste assunto. A mente divaga: “...e voltava trazendo a moça com quem ia me casar. Era a minha professora que roubei do Rei Lear.” (Estampas eucalol). Eu também sou amigo de Teseu, mas os chifrudos que fiquem longe de mim... pelo amor de Zeus.
Lembro só de algumas professoras da minha infância e começo da minha juventude. Também não me lembro de ter me apaixonado por alguma. Hoje, por estar junto a elas, as acho tão bonitas e interessantes. É verdade...não é fome não. Fiz o 2º grau na Escola Técnica Federal do Maranhão. Agora, outros tempos, pode-se fazer o Ensino Médio no CEFET-Ma. Eram idos dos anos 80. Mais precisamente, de 85 a 88. Usávamos uma camisa de tergal branca, uma calça de brim cinza, sapatos pretos e meias brancas. Não podíamos esquecer o emblema com o símbolo do curso no bolso. Só usei esta farda durante um ano, depois ela deixou de ser “fashion” e aí vieram os blusões. A “bata de açougueiro” (assim era conhecida a nossa antiga farda) já tinha feito muita gente, que assim nos elogiava, ficar de olho rôxo. Tinha também a cardenetinha que tinha que ser carimbada na entrada e na saída (AUSENTE ou PRESENTE). Treinamento para o “ponto” da fábrica. Batia o “recreio”, todos saíam a mil das salas (ainda tem várias ao longo dos corredores) e íamos em busca do “bonzo” (merenda escolar) que matava a metade da fome. A outra metade só em casa, depois das 18:30h.
Tempos modernos, indústrias precisando de técnicos capacitados, economia com altos e baixo (mais baixos). O “pobre marquês de curupu” (é assim mesmo que ele se intitula) era o nosso digníssimo Presidente...acho que vou chorar...não, não...primeiro vou vomitar. “...E ninguém nem percebia que o real e a fantasia se separam no final...veja meu bem, gasolina vai subir de preço...ou é o começo do fim...ou é o fim.” (Era casa, era jardim). Viajando na música, de novo. Pois bem, a CVRD e a ALUMAR, entre outras, esperavam pelos filhos do proletariado, mão-de-obra especializada e barata.
Alguns professores eram enfáticos: “olha, a Escola Técnica não prepara ninguém para o vestibular...quem quiser passar que vá procurar o cursinho do Prof. Zé Maria.” E não preparava mesmo. Mas muitos, invertendo esta lógica e até sem precisar de cursinho, conseguiram chegar à Universidade (UFMA ou UEMA...e só). Hoje tenho colegas “de caserna”, ex-técnicos, que são professores, advogados, médicos, psicólogos, etc. Estes seguiram as orientações de alguns poucos professores que souberam fazer a diferença.
Estes mestres educadores não escondiam os conhecimentos, não camuflavam as verdades com a manta da arrogância. Não “envenenavam” as páginas dos livros, por mais “inadequados” que pudessem ser. Temas polêmicos para aquela época: AIDS, eleições diretas, homossexualismo, etc eram trazidos a debate. Não sei se já era Lei, mas às aulas de Religião só assistia quem queria. Nenhum desses inesquecíveis professores (as) apareceu morto por envenenamento em uma “tina de vinho”. Mas um ...é triste, mas me lembro, morreu de cirrose por gostar demais do líquido. Vou ter que terminar, pois o meu vizinho, codó, que não é nem um pouquinho egoísta, resolveu compartihar "beber, cair e levantar..." com todo mundo. Ah...ia me esquecendo: já sabíamos da inverdade da Teoria Geocêntrica, que os corpos caem com aceleração constante e que...agora eu não agüento...vou chorar...que o “pobre marquês de curupu” era imortal...da ABL, é claro.
Isaac Newton, meu amigo inglês já dizia: “Platão é meu amigo, Aristóteles é meu amigo, mas a minha melhor amiga é a Verdade”