As concepções de educação, de ser humano, de gestão escolar e de sociedade observadas nas escolas que visitamos:
Nas escolas visitadas, notamos que a maioria das pessoas conhece a função social da educação. Porém, notamos também que alguns a tratam como uma fase chata da vida por onde é preciso passar. Alguns profissionais têm a sua profissão como um “quebra-galho”, um “bico”. Outros (poucos, graças a Deus) já não acreditam mais no papel revolucionário que a Educação pode desempenhar na vida de uma pessoa.
Com relação à gestão, recebemos a afirmação de que a mesma é participativa. Nota-se, contudo, que o que funciona mesmo é: cada um faz a sua parte e tudo fica bem. Algumas bur(r)ocracias atrapalham a gestão. Por exemplo: a operacionalidade dos laboratórios de informática. Será que é tão difícil colocá-los em funcionamento?
A sociedade pouco participa. Não sabe o que se passa no interior da Escola e, esta não a convida para participar. A sociedade é vista como a principal beneficiada com o processo educacional, mas está à margem das decisões.
O PPP e a organização escolar democrática.
O projeto Político Pedagógico, quando existe, não sai do papel. Os sujeitos que freqüentam a escola pública são os filhos dos operários(as) e estes(as) que cursam o EJA. À noite, principalmente, encontramos operários da construção civil, comerciários, “do lar”, sub-empregados, etc.
Os filhos(as) dos profissionais da Educação que trabalham na Escola pública, principalmente os filhos dos professores, diretores e coordenadores, estudam em escolas particulares. Mas, até mesmo em escolas particulares encontramos profissionais que têm seus filhos matriculados em outras escolas ditas como “melhores”. Notamos que a escola pública é pensada e “operacionalizada” para as classes de baixa renda. Tudo visando manter o estatus quo.
O PPP, quando pensado, elaborado e executado, de forma democrática, por todos os segmentos do processo educacional (família, comunidade e escola) pode ir ao encontro dos anseios populares. A sociedade precisa se sentir também responsável pela educação. Não adianta manter escolas públicas de baixa qualidade, que não formam cidadãos para nada e depois tentar corrigir tudo com o sistema de cotas, só para citar um exemplo.
O Projeto Temático como uma opção metodológica e sua contribuição para concretizar uma organização escolar democrática e contribuir para efetivar a gestão do cuidado nas relações escolares.
O projeto temático pode contribuir muito para a organização democrática da escola. Ao juntar várias áreas do conhecimento em torno de um único tema, por exemplo, a escola estará promovendo uma integração favorável ao diálogo. A contribuição dos vários segmentos será valorizada. A comunidade poderá ser chamada a participar do projeto. Os alunos terão a visão de que o conhecer não é algo isolado, mas interage em várias áreas.
Como o campo de conhecimento de sua licenciatura pode contribuir na desconstrução de concepções preconceituosas e conservadoras, afirmando outras que contemplem a diversidade social.
A participação feminina na Matemática foi (e será que ainda não é?) vista com muito preconceito durante séculos. Há exemplos de verdadeiros gênios femininos da Matemática que tiveram que se esconder atrás de uma identidade feminina. Como foi o caso da francesa Sophie Germain. A idéia de que a Matemática não ficou para as mulheres é algo que ainda existe. Tal idéia deve ser combatida.
Há outros preconceitos relativos a questões geográficas. Acredita-se que o povo de certas regiões aprende Matemática com mais facilidade. Também não há nada de científico nisto.